Não Esquecer [video-ensaio]

Em agosto desse ano, eu recebi um convite pra produzir um vídeo para ser exibido durante um evento internacional. O evento foi o The Future of Code Politics - Technologies of Radical Care, aconteceu na Alemanha e era organizado  pela Coding Rights que é uma Organização Sem Fins Lucrativos que visa conscientizar a população sobre o uso da tecnologia. Um evento bem maneiro que se constituía em, basicamente, painéis e algumas mostras artísticas nos intervalos ou como complementos desses painéis. Como o evento aconteceu na gringa, eu não participei presencialmente pois o meu cachê não cobria os custos de deslocamento, cobria apenas o trabalho de vídeo encomendado pelas curadoras.

site


Essa proposta me lembrou bastante a proposta do Literatura Exposta, onde eu realizava um trabalho artístico a partir da obra textual de uma autora. Naquela ocasião, era algo para ficar exposto, nessa era pra ser exibido e o texto foi uma anedota de Lu Ain-Zaila que é uma autora também do Rio de Janeiro, da baixada, que eu não conheço pessoalmente mas sem dúvida já cheguei no nome dela pesquisando sobre referências nacionais que trabalham o afrofuturismo em suas obras. Já tinha até um livro.
O texto da Lu me lembrou bastante algumas narrativas que já tenho visto, inclusive o famoso filme Corra! e até mesmo Ruptura, que é uma série lançada recentemente que também fez bastante sucesso. Está mais para Afropessimismo que Afrofuturismo, mas existem teóricos e pensadores que dizem que as duas coisas andam juntas. Especialmente pra quem é preto, que é quem pode tratar dos temas em primeira pessoa. Acabei mergulhando na série que a Aza Njeri tem no canal dela sobre o Afrofuturismo onde a Lu inclusive é uma das convidadas.
Dei algumas voltas nesse momento de concepção do vídeo, pesquisando minhas motivações dentro do tema e até mesmo formatos. Eu tinha o tempo de 15 minutos e o texto como referência, mas não tinha mais definições na proposta. Daí era "só" criar. Só que é tanta coisa pra falar sobre esse tema... pós pandemia, então! A cabeça fervilhando e eu considerei montar algumas cenas e filmar, mas a verba não era tanta e eu já estava bastante tentada a tocar meus arquivos e apostar no formato do #diárioaudiovisual. É mais simples, o papo é mais reto e eu posso aproveitar a oportunidade pra colocar as imagens do meu banco pra rolo.
O resultado foi um mescladão de imagens que eu reuni tendo uns 10 dias pra realizar o trabalho, usei até um vídeo que a Gabrielle de Souza - minha amiga - editou láááá atrás, da série tátudopreto. Rolou imagens da performance Terra de Bicho na Mostra Às Escuras também, alguns videozinhos que eu nem sabia que tinha, umas caras e bocas nos filtros de instagram pra entregar um pouco de dramaticidade, uma auto referência numa escolha que utilizo em Foi-se raiz e uma escolha de trilhas livres de restrição de direitos autorais que combinasse com o clima da coisa. Eu queria algo mais imersivo, que puxasse a atenção de quem estivesse assistindo para a mensagem e eis o resultado: