CHEIA
No mês passado, no início, Dora Selva me convidou pra integrar um coletivo temporário. Um grupo de mulheres pra multiplicar uma prática que ela vem trabalhando com seu projeto Viva Pelve a uns três anos (não sei ao certo). Fomos eu, Luiza, Gabriela, Lara, Nicole, Lis e a Dora pra balançarmos nossas bacias e passar a acreditar em expandir a intenção de que essa ação é extremamente poderosa.
Eu mesma estou sendo chamada pra dar mais atenção a esse território no meu corpo a algum tempo. Nua&Crua da Isa fez parte disso também junto tem a necessidade que comecei a trabalhar em Terra de Bich0 de entender o peso da minha bacia, de onde esse peso vinha e o que fazer com ele. Balançar tem sido o verbo, aliás tem muitos verbos possíveis, como a sinopse de CHEIA enviada para o evento Corpos Críticos, onde partilhamos essa dança com outras pessoas. Aí a sinopse ó:
CHEIA é vazante maré fertilidade violência fecundar parir entregar abençoar cercar proteger iluminar banhar rebolar tremer vibrar incorporar ovular sofrer. É sobre ser movida por uma força, sobre o poder do próprio corpo, o poder das ancas, o movimento do mundo, a espiral cósmica, a circularidade. Deusas, rainhas, entidades, elementais, carne, natureza, energia, transmutação. O corpo como ferramenta política.
![]() |
| Essa foto ela enviou junto do texto, não conseguimos os créditos mas é de um grupo de mergulhadoras japonesas chamado AMA. |
Nos encontramos durante três dias antes da performance pra ativarmos juntas essa região, esse chackra, essa força. Durante os encontros a gente conversava um pouco, nos alongávamos e explorávamos possibilidades de mexer, fazer jorrar, a gente suava bastante, depois de um tempo as roupas começavam a despencar e o ritmo incorporado pelo movimento passava a ser uma condição de existência. Foi assim no dia 31 também, no dia da apresentação. Me senti bastante inteira nessa performance.
Na semana anterior ao festival, durante cerca 30 minutos por dia eu praticava com a playlist cedida pela Dora que agora recebe o nome dessa performance, percebi o quanto essa prática modificava meu estar no mundo apenas por ter me comprometido com ela. É prazeroso demais sentir a carne balançando, essa linha média que divide nosso corpo se irrompendo pra fazer nossos "olhos de baixo" enxergarem. É divino.
Alguns registros da performance dentro do evento festival Corpos Críticos, que rolou no Espaço Ápis.




