a primeira performance

Não lembro que nome dei, mas essa foi a primeira vez que fui identificada fazendo o que se chama de performance, nas artes. primeira vez também que eu fui identificada colando post its por aí pelo meu corpo. 

a proposta se desenvolveu dentro de uma aula da professora Carol Pedalino (autora da filmagem a baixo também), uma aula que chamávamos de dança-teatro, na formação livre de dança que integrei no Centro de Artes da Maré (CAM). Eram aulas bastante intensas, para mim. Não por dificuldades motoras na execução de movimentos, mas pela dificuldade de lidar comigo, com minhas ideias e a necessidade de trabalhá-las de uma maneira que fosse justa com o meu corpo. O corpo, esse corpo, é cheio de camadinhas.
Faz 6 anos que o video foi postado, eu não lembro muito bem de como a proposta foi colocada pra gente em aula, mas ela foi. Como sempre, diante de todas as propostas da Carol, eu fiquei fervilhando de ideias, coisas que eu pensava e repensava se deveria ou não fazer. Até que eu cheguei nos post its, não sei como agora. Sei que cheguei. Sempre gostei de amarelo e os trecos eram amarelos, os enchi de palavras-código e códigos-palavras, uns que eu já conhecia a tempos tipo mãe e outros que eu estava acabando de conhecer tipo a triluna. Preenchia durante a ação e os colava no meu corpo que estava suado, não sei se pelo calor ou pelo nervosismo.

Um tempinho depois, organizamos um evento chamado Expo-Dança lá no CAM e cada um de nós do grupo ocupou um espaço no galpão para apresentar sua proposta. Todas muito diversas entre si, dá pra ter uma noção no vídeo abaixo, que foi feito durante nosso último encontro com a Carol, lá no Parque Lage - reproduzimos a performance pro video mesmo. No evento, eu era a única que ia ficar em itinerância pelo espaço, colando os post-its no chão e nas coisas, tirando de mim e colando nas coisas, tirando das coisas e colando em pessoas, enfim... reposicionando, reescrevendo, criando códigos para a situação. Foi bem interessante a experiência, ainda me sinto presente nela quando vejo tudo que desenvolvi depois.




Parque Lage, 2013 no mês de dezembro (talvez) 
filmagem e edição: Carol Pedalino